quinta-feira, 11 de junho de 2015

Fazer bem faz bem

Nada de lições de moral. Mas é uma verdade, comprovada empiricamente por mim: fazer bem faz bem.

Na última semana, caí em um de vários episódios de mau humor que tenho de forma eventual. Nunca sei o que me leva a ter esses episódios, mas em geral, são eventos ruins acumulados que me derrubam. Pode acontecer com qualquer um, mas acontece comigo.

Hoje (sábado, 06.06.2015), fui ao curso de alemão que faço todo sábado à tarde. Ao término, resolvi parar em uma lanchonete para comer algo. Fui meio olho-grande, e pedi dois sanduíches, um para a hora e outro pra viagem. Comi o primeiro e fui embora com um saco de papel contendo o outro. Fui abordado por um mendigo muito velho que me estendeu a mão pedindo dinheiro para comer. Não tinha muito mais do que algumas moedas pequenas. Hesitei por um segundo e enfim estiquei o braço em direção a ele, com o saco de papel contendo o sanduíche na mão.

-Não precisa, moço, eu posso comer qualquer coisa. - Disse o pedinte.

Insisti que ele aceitasse o sanduíche. Era pequeno, mas era o que eu tinha à mão no momento. Só dei tempo a ele para sorrir e dizer um "Obrigado" quase inaudível da sua voz rouca e desgastada. Dei-lhe boa tarde. Tomei meu rumo.

Dali, resolvi ir à parte histórica do Centro, visitar o Parque das Ruínas, numa decisão súbita. Era fim de tarde, fotos de paisagem foram poucas, vista a falta de luminosidade. Encontrei por acaso um amigo que estava a passeio com a namorada e a mãe. Juntei-me a eles e passeamos por um tempo em Santa Teresa, por entre os pequenos bares de decoração pitoresca que existem por entre as íngremes e tortuosas ruas de pedra do bairro. Depois de algumas horas, me despedi e resolvi voltar pra casa.

Peguei o ônibus. Em outra decisão súbita - e de certa forma estúpida - desci próximo ao CCBB e entrei lá. Não tinha quase ninguém e estava quase fechando. Mas lembrara que um amigo que passava por problemas trabalha no local naquele turno, vai que uma visita lhe alegrasse um pouco. Não o encontrei. Dei uma olhada na exposição, mas fui embora logo em seguida.

Quando saía pela Primeiro de Março, que estava escura e deserta, uma mulher me abordou. Ele estava com cara de apreensão e parecia que minha presença aliviava um pouco a tensão em seu rosto:

-Oi, com licença, você está indo pegar o ônibus?
-Estou sim.
-Mas nessa rua?
-Sim, o ponto é mais ali na frente.
-Bem, eu precisava pegar o ônibus também, mas não sabia que era tão vazio hoje.
Ela de fato parecia assustada.
-Quer que eu espere com você?
-Bem... na verdade meu ponto é na outra rua (Avenida Rio Branco. Àquela hora, era totalmente deserta e poderia ser perigosa)
-Entendi. Mas você vai pra lá? Não quer que eu vá junto?
-Não, vou acabar te atrasando muito...
-Não seja por isso, eu posso ir lá com você, depois pego o metrô.
Ela aceitou.
Como ela era muito menor do que eu, ainda estava com cara de apreensiva, e, principalmente, por não saber o quão movimentado aquele trecho do centro da cidade é no sábado à noite (leia-se: não é), não resisti em perguntar:
-Você não é daqui, certo?
-Na verdade sou, mas estive fora do país nos últimos seis anos, estava morando na Alemanha...
Foi o que eu precisava ouvir. A conversa caiu pra esse lado. Eu não perguntei seu nome, mas fiquei conversando sobre ela ter ido pra lá por causa de um namoro com um nativo e terminar fazendo um doutorado em Geografia. Mal chegamos ao ponto, o ônibus chegou. Ela somente disse um muito obrigada e me deu um abraço. Não esperava uma demonstração de afeto de alguém que morou tanto tempo na Alemanha. Quanto mais a um total desconhecido!

Os exemplos não são os melhores, não são grandes feitos. Mas o importante é que pequenos gestos de gentileza podem melhorar seu humor. Não é exagero dizer que fui pra casa um pouco melhor do que estava em todo o feriado.

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