quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Não te amarei

Eu te amo, mas não espere que eu demonstre daquela forma clichê.

Não vou aparecer no seu trabalho com um ramo enorme de flores, junto com uma caixa de chocolates sortidos, então não espere. Não vou te encher a paciência, fazendo declarações intermináveis em redes sociais sobre o que gosto em você (e acabarei dizendo que é tudo). Isso não terás de mim, jamais.

Vou te amar diferente, discreto, pagando a sua conta quando você finge esquecer a carteira, só para ver se eu sou gentil. Vou te amar perguntando como foi o seu dia e ouvindo atentamente às novidades boas ou ruins, te dando carinho se estiver sob tensão por parte da vida. Te amarei quando você chorar, no momento que eu te disser palavras para te consolar ou até para te repreender, pois vou dizer-lhe para parar de chorar quando não houver nenhum motivo.

Não te amarei com um buquê gigante de rosas vermelhas, te amarei com uma pequena margarida colocada gentilmente na sua orelha.


Não te amarei gritando meu amor, te amarei me apaixonando aos sussurros, e te desejando em silêncio.

sábado, 14 de setembro de 2013

Resenhando: "Rush - No Limite da Emoção"

Assisti no dia de estreia, no primeiro horário disponível no cinema próximo à minha casa, de tanta ansiedade que sentia para ver este filme. Já ouvira falar de várias outras rivalidades esportivas (para mim, a mais famosa é Prost-Senna e, mais recentemente, Vettel-Alonso. Oras, sou novo...), porém, quando ouvi falar deste filme, vi que seria uma oportunidade de ouro para pesquisar mais sobre a época onde a Fórmula 1 tinha glamour não pelas grifes e pelos patrocínios, mas pelo perigo iminente e charme que envolvia a atmosfera saturada de gasolina vaporizada e pedaços de borracha. E conhecer uma nova rivalidade que pôs fogo no automobilismo mundial: o britânico James Hunt e o austríaco Niki Lauda.

"Rush - No limite da emoção": A realidade escrevendo
os melhores roteiros de cinema
O filme tem sua história ancorada na temporada de 1976 da Fórmula 1, mas começa anos antes, quando Hunt e Lauda se encontram pela primeira vez na Inglaterra, disputando uma corrida da Fórmula 3, categoria de base para a Fórmula 1. Logo na primeira corrida, o talento dos dois e a gana de vitória que sentiam criaram a rivalidade que perdurou durante os anos que correram juntos.


A história por trás do filme (Se quiser apenas ler sobre O FILME, desça. Mas desça muito, porque o texto é grande)

Hunt e Lauda eram exatamente como água e óleo. Enquanto James Hunt era conhecido por ser um bon vivant, bebendo muito, fumando e indo a festas a toda hora, Niki era o extremo oposto: calculista, metódico e perfeccionista, não descansava enquanto o carro que fosse dirigir não estivesse em condições perfeitas.

Niki Lauda foi primeiro à Fórmula 1 e Hunt subiu para a categoria máxima em seguida. Hunt era visivelmente talentoso, porém sua falta de regularidade e sua fama de festeiro não fizeram bem à sua reputação. Ele fez de tudo para mudar, inclusive casar.

Em 1975, após uma temporada modesta em uma equipe pequena e sem patrocínio, Hunt quase caiu fora da Fórmula 1 na temporada seguinte. Neste mesmo ano, Niki Lauda foi campeão pela Ferrari. Um carro fantástico, ajustado minuciosamente pelo próprio austríaco, o que deixou mais fantástico ainda.

Então chega a mítica temporada de 1976. Hunt conseguira, por um milagre e muita insistência, uma vaga na McLaren, talvez o único carro que pudesse competir com a Ferrari de Lauda. Entretanto, o começo da temporada mostrou um James Hunt azarado, com diversas quebras e acidentes, e Niki Lauda abrindo vantagem. Apesar disso, A McLaren de Hunt parecia ser o único carro que poderia bater Lauda. Até que veio o fim de semana do Grande Prêmio da Alemanha.

Esta corrida era realizada no circuito de Nurbürgring. Não a parte mais conhecida, onde se disputa as corridas de Fórmula 1 atuais, mas um circuito gigantesco de mais de 20 km de extensão e mais de 100 curvas, chamado de Nordschleife. Naquele fim de semana, a chuva caía forte no circuito e os pilotos temiam pelas suas vidas, muito mais que o temor da morte que sempre rodeava o circo do automobilismo. Lauda, então, convocou uma reunião entre pilotos e comissários para discutir o cancelamento da prova, visto que as condições eram muito ruins para a realização do Grande Prêmio. Todavia, ele foi contra-argumentado por querer tirar vantagem da situação para diminuir as chances dos concorrentes de alcançá-lo na tabela do campeonato que ele liderava com folga. Contrariado, Lauda aceita correr.

Então, em 1º de agosto de 1976, a corrida começa ainda com a pista úmida mas sem chuva. Hunt, Lauda e outros largam com pneus biscoito (apropriado para chuva), enquanto alguns largam com pneus slick (para pista seca). Os pneus para pista seca se mostram mais eficazes, Lauda e Hunt perdem posições facilmente. No fim da primeira volta (depois de cerca de 8 minutos), todos que estavam de pneu de chuva param para trocar. A McLaren troca rápido os pneus de James Hunt, mas a Ferrari demora a colocar Niki Lauda de volta à pista. Desesperado para voltar às primeiras posições, o austríaco força o seu carro além do limite. Entretanto a Ferrari de número 1 não aguenta e, na saída de uma curva de alta velocidade, a suspensão quebra e arremessa o carro no muro oposto. Assim que bate, o carro se incendeia e volta ao meio da pista, sendo atingido por outro carro. Alguns pilotos param para tentar ajudar o campeão mundial do ano anterior a sair das ferragens em chamas, entre eles, o brasileiro Emerson Fittipaldi. Niki Lauda é retirado do carro e levado imediatamente ao hospital. A corrida é reiniciada e James Hunt ganha. No hospital, Lauda luta para continuar vivendo. Sua condição é tão frágil que Lauda chega a receber a extrema unção de um padre.

Niki Lauda preso em sua Ferrari envolta em chamas.
Seu acidente fez com que Nordschleife
fosse cortada para sempre da Fórmula 1

Lauda tem queimaduras graves no rosto, o que leva os médicos a enxertarem um pedaço da pele de sua coxa e colocar em sua testa. Mas consegue sobreviver, após mais de um mês no hospital. Durante este tempo, o campeonato não parou, e Niki Lauda via pela televisão James Hunt chegando mais próximo na classificação. Mais do que isso, ele via Hunt vencendo as corridas, o que lhe inflamava a vontade de voltar às pistas. E assim o fez, no Grande Prêmio da Itália, 6 semanas depois do acidente que quase lhe tirou a vida, junto à apaixonada torcida italiana.

Na Itália, Hunt abandonou e a corrida foi vencida por Ronnie Peterson. Mas a atenção dos torcedores, da mídia e do público em geral foi voltada a Niki Lauda que conseguira um milagroso 4º lugar, sendo ovacionado e carregado pelos torcedores que invadiram a pista.

Lauda ainda tinha notória vantagem na tabela de pilotos, mas a McLaren evoluíra muito e Hunt iria até o fim para vencer o campeonato em cima de seu rival. Na última corrida, no Japão, Lauda chega com apenas 3 pontos de vantagem para Hunt. O circuito de Fuji amanheceu naquele dia com uma chuva pesada, rajadas de vento cortantes. Para piorar, partes do circuito estavam alagadas e havia uma névoa fraca descendo do famoso monte japonês que dá nome ao circuito. Alguns pilotos acham melhor cancelar a corrida, entre eles o próprio James Hunt. Mas a rivalidade que foi criada com Lauda atraiu tanto a atenção do mundo que muito dinheiro estava investido na corrida. Ela iria acontecer de qualquer jeito.

Para variar, Hunt e Lauda largaram muito próximos, com Hunt em segundo e Lauda em terceiro. Mas a dificuldade para enxergar é tanta que Lauda, temendo pela sua segurança, decide abandonar a prova. Neste momento, Hunt precisava chegar no mínimo em 3º para ser campeão. Mais do que isso, Hunt assume a liderança debaixo de chuva, mas quando a pista começa a secar, ele perde desempenho é ultrapassado por seus adversários. Agravando a situação, seus pneus se deterioram rapidamente e ele é obrigado a fazer um pit. Ao retornar à pista, Hunt é o quinto e vem injetado de ímpeto para galgar as posições que precisava. Na volta 71 das 73, ele ultrapassa Clay Regazzoni e Alan Jones, e chega em terceiro. Com os fiscais de prova confusos, o resultado demora a sair, mas ao chegar ao box, Hunt recebe a notícia que é campeão mundial por um ponto de diferença.

Hunt celebra sua vitória no GP da Holanda.
O inglês ousou pôr sua vontade de vencer a frente
de sua segurança e ganhou o campeonato.

Dois anos depois, Hunt abandonou a carreira de piloto, tornou-se comentarista e faleceu em 1993. Niki Lauda foi campeão da Fórmula 1 novamente em 1977 e outra vez em 1984.

O filme

Rush transmite muito bem as sensações do universo da Fórmula 1. O filme, além de conseguir contar com fidelidade a história por trás de uma das temporadas mais dramáticas do automobilismo mundial (com alguns erros, talvez propositais para facilitar a compreensão do enredo), tem todos os seus elementos muito bem estruturados. Isso inclui diálogos bem construídos, maquiagem excelente, atuação impecável e efeitos visuais que francamente não havia visto em outros filmes sobre automobilismo.

Para Niki Lauda, foi escolhido o ator Daniel Brühl. O que foi ótimo tanto por ser um ator germânico e a pronúncia seria mais próxima ao original, quanto por ser um excelente ator, responsável por atuações em filmes de sucesso, como "Adeus, Lênin!". O trabalho sobre o personagem de Brühl foi intenso, seja na interpretação do ser calculista mas ainda sim muito sensível às situações em que foi submetido, seja na mudança da aparência física do ator, tanto para parecer com o piloto quanto sua transformação para interpretar o piloto após as queimaduras.

Brühl (E) e Lauda (D): a semelhança chegou a me assustar.
Para James Hunt, o ator escolhido foi Chris Hemsworth (o mesmo de Thor). A semlhança não foi tão impressionante quanto a de Brühl com Lauda, mas ainda sim, o ator sobe interpretar bem o estilo festeiro e inconsequente de James Hunt. Hemsworth também fez inteligentemente a fase da vida de Hunt em que ele se encontrava pré-temporada de 76: nervoso com o fim de sua equipe e ansioso para conseguir um novo cockpit para correr.

Hemsworth e Hunt: o britânico não viveu para ver-se
personificado no cinema, mas garanto que aprovaria

O filme desconstroi a imagem que havia dos dois pilotos. Apesar de toda a rivalidade e toda a tensão que ela gerava, no fundo, os dois eram amigos. Tamanha vontade de vencer um ao outro trouxe também uma gama de respeito mútuo entre os dois, que partilhavam a paixão pela velocidade e a vontade de vencer. Às suas maneiras, eles viam a Fórmula 1 como trabalho, diversão e era o que mais fazia seus corações baterem.

Lauda (E) e Hunt (D): uma rivalidade histórica,
mas misturada à admiração e respeito mútuo.


Em resumo: Assistam esse filme. ;-)

Addio, amici miei.

domingo, 11 de agosto de 2013

Carta de Despedida

Te amei, agora não te amo mais.

Não se preocupe, porém, pois não apagarei as fotos que tenho com você, guardarei num cantinho as recordações que possuo, não queimarei seus pertences. Não direi que não te conheço, nem dizer que você é a pessoa mais horrível do mundo. Eu sei que não é. Eu sei também que não adianta dizer que não te conheço, porque eu te conheço, e te conheço tanto que você faz parte do meu passado. E meu passado reflete o que eu sou.

Apenas não é possível te extirpar da minha vida e fingir que não houve nada nesse tempo, não me enganarei pois sei que houve. A diferença é que muita coisa aconteceu e agora nada mais é como antes. Então acalme-se, eu não te odeio. Nem direi que não te conheço, e não te esqueço.

Você é parte do meu passado
A isso estou fadado
Mas te privarei do meu futuro
Isso lhe asseguro

sábado, 3 de agosto de 2013

Sacrifícios

Eu juro que tento, com todas as minhas forças. Faço tudo que posso: me forço e me esforço. Já gritei com gente que não devia, deixei de conhecer pessoas legais porque tive de me prender a você. Perdi muito tempo e, agora, parece que quase nada, a não ser você, restou na minha pouca vida.

Achei realmente que podia ser um pouco mais fácil, tentar levar na boa, mas acabei aprendendo, da pior maneira, que não é assim que as coisas acontecem. De repente, me vi de uma forma que jamais esperaria de mim, quase brigando para me manter vivo dento de tudo isto, dormindo mal e acordando pior ainda. Um dia após o outro, me deixando exausto. De verdade, nunca é o suficiente?

Meus colegas veem como eu comecei a mudar. Primeiro foi meu temperamento, antes tão calmo e ameno, passou a ser mais deprimido e agressivo; depois, comecei a perder peso: gastava tanto tempo com você que não parava para comer direito, quanto mais fazer um exercício, é sério, como você se sente me deixando assim?

Sabe, apesar de tudo, quando estou longe, sinto sua falta. Tiro férias de você, mas duas semanas é muito, já tenho vontade de voltar aos teus braços, viver as tuas histórias, fazer minhas histórias suas histórias. Mesmo que, naturalmente, recomece o ciclo todo e eu sinta desprezo, raiva de você e tenha vontade de sumir! Se não chamo isso de apego, vou chamar de quê?




Vida de universitário não é fácil não...

terça-feira, 30 de julho de 2013

Uma Pequena Lembrança

Rubens Barrichello. Um piloto que muitos lembram, mas por pouca coisa. Quase 20 anos de carreira na Formula Um, não conseguiu se impor com toda a habilidade que tinha. Por isso, acabou caindo na armadilha de virar piada.

Lembro-me da primeira vitória dele. Eu posso dizer que estava lá (de frente à televisão). Largou nas últimas filas do grid e foi caçando, posição após posição. E eu, que já gostava de acordar domingo de manhã para assistir corridas, estava vendo Rubinho fazer coisa de gente muito grande.

Teve de tudo naquela corrida: um cara entrou na pista completamente bêbado, acidentes e mais acidentes, chuva caindo em parte do gigantesco circuito de Hockenheim. Este último, parecia tirar o triunfo de suas mãos. Mas ele foi firme, segurou o volante do carro para manter o carro com pneu de pista seca na pista molhada tão forte quanto a vontade que tinha para ganhar. E então conseguiu.

Acho que lembro de quase tudo. Eu estava vidrado desde o momento que a chuva caiu e gritei “Rubinho!” quando ele venceu. Galvão Bueno começou com aquelas frases bestas, minha mãe dando um berro e eu abraçando ela, meu pai aplaudindo, abrindo um largo sorriso. Não sei se foi o fato de eu ter apenas seis anos de idade e ouvir o tal “Tema da Vitória” pela primeira vez ou se foram meus pais, que viram e viveram a Formula Um dos anos 80 (com Piquet, Prost, Mansell e, claro, Senna), se emocionando de novo que me fizeram chorar àquela manhã. E dali em diante, virava eu um fã de automobilismo.

Acontece que, depois, eu passei a me sentir mais feliz acordando cedo. E torcia de verdade para Rubens Barrichello, para ver se me sentia tão emocionado quanto naquele 30 de julho de 2000. E daí passei a me lembrar que todo mundo tem tudo para ser ídolo de alguém.

13 anos, Rubinho... 13 anos...